Relações tritróficas e o MIP

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Um sistema ecológico é formado pela união de várias cadeias onde um organismo ou população de uma espécie não ocorre de forma isolada, mas interligada com todos os seres presentes naquele espaço. Um dos exemplos mais conhecidos de como este sistema está interligado, não somente entre os animais, mas todo o ambiente, é o caso do Yellowstone National Park onde lobos da região, que tinham sido extintos há 70 anos, foram reintroduzidos e modificaram todo o ambiente, incluindo espécies, florestas e até mesmo os rios.

O ocorrido acima mostra que os organismos se encontram conectados, formando uma espécie de teia ecológica onde a simples interferência em um elo dessa cadeia (no exemplo, a reintrodução da espécie de lobo) ocasiona uma mudança no restante do meio.

Entretanto, estudar essas cadeias tróficas, não é um trabalho nada fácil. No estudo da entomologia o que se analisa é o estudo de três pontos dessa teia: planta (produtor primário), inseto fitófago (consumidor primário) e a influência dessa interação no predador ou parasitoide (consumidor secundário).

Interação inseto-planta

Os semioquímicos são substâncias que exercem importante função na comunicação dos organismos. Estes compostos no individuo receptor da mensagem química agem como gatilhos fisiológicos de reações comportamentais específicas. É a através da emissão e detecção destes compostos que os insetos encontram parceiros para acasalamento, alimento ou presa.

Nas plantas, os semioquímicos apresentam-se como substâncias do metabolismo secundário que está relacionada com a defesa da planta, podendo estar conectada com o segundo nível trófico (defesa direta) ou terceiro nível trófico (defesa indireta).

Em contrapartida, os insetos também desenvolveram estratégias de defesa que permitem ao mesmo tempo metabolizar e utilizar substâncias tóxicas para se proteger. Dessa maneira, ocorre uma corrida bioquímica coevolutiva, onde a planta desenvolve substâncias tóxicas para se defender do ataque do inseto, e alguns desses conseguem superar essas defesas.

Interação tritrófica: planta x herbívoro x inimigo natural

As interações tritróficas podem ser derivadas de alguns fatores como o efeito direto da planta sobre a biologia ou comportamento do inimigo natural, devido a substâncias químicas ou características morfológicas presentes na planta e, também, do efeito da planta sobre a praga, o que indiretamente também afetará a população de inimigos naturais.

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De modo geral, todas as interações apresentam importância relevante nas relações tróficas. As plantas podem ser atrativas ou benéficas a alguns inimigos naturais de insetos fitófagos, mas também podem ser tóxicas ou prejudiciais a esses. Sendo assim, as interações tritróficas podem ser identificadas e estudadas fazendo com que esses mecanismos possam ser manipulados, podendo ser devidamente utilizados nas práticas de manejo de insetos-praga, uma vez que se torna fundamental a preservação de inimigos naturais dos insetos.

A importância da interação tritrófica e o manejo integrado de pragas (MIP)

A agricultura tem promovido a transformação dos ecossistemas naturais estáveis em agroecossistemas, que são artificiais e instáveis. Estes agroecossistemas consistem em complexas relações entre plantas hospedeiras, herbívoros e seus inimigos naturais. Assim, o estudo das relações tritróficas é de fundamental importância para o entendimento e conhecimento básico da biodiversidade, permitindo as tomadas de decisões sobre o emprego de inimigos naturais para o controle mais eficiente das pragas.

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Foto: https://blog.belagro.com.br/entenda-o-que-e-controle-biologico-e-como-ele-funciona/

O conhecimento adquirido dos estudos das interações tritróficas deve ser empregado como ferramenta para o aprimoramento dos programas de manejo integrado de pragas, buscando conservar as relações entre os organismos pertencentes ao sistema trófico, conferindo maior dinâmica ao agroecossistema e fazendo com que insetos-praga permaneçam sempre abaixo do nível de dano. Nesse contexto, conhecer e entender as interações que envolvem os três níveis tróficos, sejam estas relações morfológicas, comportamentais ou fisiológicas é de extrema importância para a produção agrícola.

Referências
Da Silva, A. G., de Souza, B. H. S., Rodrigues, N. E. L., Bottega, D. B., & Junior, A. L. B. (2012). Interação tritrófica: aspectos gerais e suas implicações no manejo integrado de pragas. Nucleus, 9(1), 35-48.

GULLAN, P. J.; CRANSTON, P. S. Os insetos: um resumo da entomologia. 3. Ed. São Paulo: Roca, 2007. 440p.

MELLO, M. O.; SILVA-FILHO, M. C. Plant-insect interactions: an evolutionary arms race between two distinct defense mechanism. Braz. J. Plant Physiol., Campinas, v. 14, p. 71-81, 2002.